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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

LENÇO, COMPOSIÇÃO DO ESTILO CLODOVIL.

APENAS ALGUNS CENTÍMETROS QUADRADOS DE TECIDO




mas que fazem uma diferença variada em grau, intensidade, estilo e assim em diante. Trata-se do lenço, peça em várias formas e tamanhos que além de utilitário cumpre como a gravata, a sua principal função, a estética, de toque final de um estilo. Dando as vezes o humor desse estilo, se discreto ou chamativo, se suave ou intenso, se sóbrio ou festivo.Todo um conjunto pode alterar com a mudança de apenas esse pedaço de tecido. Confere elegância ou a falta dela, dependendo da forma e por quem é utilizada. Essas fotos mais os vídeos, compreende um período da vida de Clodovil, de fins da década de 70 ao ano de 1987.Todos esses elementos tem como o elo de ligação, um lenço a contornar o colarinho das vestes de Clodovil. Com um despojamento ao se vestir, afinal já eram outros tempos, tempos de maior liberdade em se vestir, e num país tropical, fez-se necessário tal liberdade e despojamento. Mas para não perder o charme, e substituindo a gravata como complemento, o lenço vem a cumprir seu papel de autentificação do estilo de vestir de Clodovil.


LEDA NAGLE ENTREVISTA




Clodovil responde a Leda Nagle a respeito de sua produção de moda e desfiles, e evoca dizeres de Coco Chanel na questão da cópia. Seu lenço leva nós nas pontas.


O FANTASMA DA INFLAÇÃO




Essa que ronda novamente, a inflação, já era um pesadelo na época. Dificultava a vida de todos, inclusive de quem produzia moda. A instabilidade era grande, e quem era do setor dificilmente permanecia atuando no mercado da moda. Lenço singelo, mas cumprindo um discreto charme.




Clodovil conhecedor da importância de um simples pedaço de pano, preferiu o lenço para compor o seu estilo. Poderia ter optado por algo mais vistoso, como longas echarpes que contornariam em elos o seu corpo, com longas pontas a voltejar pelos seus movimentos. Porém como buscava um certo respeito e tal elemento só contribuiria, na visão da malícia alheia, para a criação de uma imagem do costureiro como uma libélula encantada. Clodovil sabia também que um pedaço de pano poderia alterar para sempre a vida de uma pessoa, sentenciando até a sua morte. Lembrou-se de Isadora Duncan, a "mãe da dança moderna": No dia em que morreu, Duncan era passageira de um novo modelo de carro desportivo conversível. O automóvel em que ela estava indo para uma apresentação em 15 de setembro de 1927, ia a toda velocidade quando o vento puxou, assim que passou para o banco de trás, a longa echarpe vermelha – que passou a usar assim que aderiu ao comunismo, segundo relatou um jornal sensacionalista – e se enroscou na calota da roda traseira do lado do passageiro, se prendeu ao eixo e a enforcou violentamente em torno do pescoço de Duncan, jogando-a ao chão, e arrastando-a por diversas jardas antes que o "chauffeur" parasse, atraído por seus gritos na rua. Ela morreu instantaneamente estrangulada.


ISADORA DUNCAN, "A MÃE DA DANÇA MODERNA",


que na verdade resgatava um pouco da dança ao ar livre da Grécia antiga. Como uma Terpsícure, deusa da dança, com suas túnicas soltas e faixas a rodear seu corpo, permitindo sua dança livre, solta, dos movimentos naturais do corpo. Como podemos ver num raro instante de sua vida no vídeo abaixo:






Ps: Lilian Pacce comentou uma superstição de Clodovil:

Uma das maiores lembranças de Lilian sobre Clodovil foi uma entrevista que ela fez nos anos 80 em seu ateliê na av. Cidade Jardim, para a “Folha de S.Paulo”. No final da entrevista, ele lhe deu um lenço de seda e pediu uma moeda em troca. Ela perguntou por quê. “Você não sabe, queridinha? Quando a gente ganha um lenço, tem que dar uma moeda. Senão a gente briga com a pessoa e eu não quero brigar com você”, respondeu. É uma superstição que ela nunca mais esqueceu!



Danian.
daniandare@gmail.com

2 comentários:

As Tertulías disse...

Nem preciso dizer como amo esta postagem... esta cena tao rara... já a havia visto... acho que num documentário de Fonteyn... Voce leu sua (auto) biografia???? Foi um livro que muito definiu meu caminho aos 16, 17 anos...

Danian Dare disse...

Querido,
Não cheguei a ler sua biografia, pelo menos essa a qual se refere. Tenho vagas lembranças do filme onde Vanessa Redgrave interpretou Isadora. Pra você ver como o passado define o futuro.

Danian.