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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

BRASÍLIA NUNCA MAIS SERÁ A MESMA





"Brasília nunca mais será a mesma,"assim prometia Clodovil em sua campanha. E Brasília, pelo menos por uma noite não foi a mesma. O rosa, cor associada a Clodovil quando se faz uma charge dele, coloriu os principais monumentos de Brasília. Nessa noite rosa, Brasília mostrou que havia mudado perante o tempo. A sede do poder, do poder misógino da política nacional, muitas vezes indiferente a várias causas relevantes da sociedade, ficou mais sensível na cor feminino, mais rosa, mais mulher. Talvez esse rosa se deva ao nosso atual chefe de estado, a primeira mulher presidente de nossa história, a presidenta Dilma Roussef. À frente do poder da nação, ela própria mais habituada a usar calças, tornou-se um pouco rosa passando a usar mais saias. Sentiu a necessidade de acrescentar um lado mais rosa ao poder, ela que já havia visto as cores frias da ditadura, um lado mais feminino. Esse rosa feminino que veio zelar como mãe a nossa nação, mais atenta a nós seus filhos. Clodovil também trouxe o seu lado feminino para Brasília, a sua identidade rosa. Queria uma Brasília mais bela, um Brasil mais belo, e começou isso através do seu próprio gabinete, dando beleza e identidade ao que era só funcional. O seu gabinete era um protótipo do que se estenderia adiante, de como as coisas seriam na sua participação política. Com sua percepção feminina aliada ao seu talento artístico, Clodovil vislumbrava uma Brasília mais bela, mais rosa e feminina, refletindo um exemplo para a nação. Coube a Deus o não prosseguimento de Clodovil na política brasileira, mas a sua semente foi plantada, cabendo ao tempo sua germinação. Porém, pelo menos por uma noite, Brasília ficou mais feminina com o rosa tornando mais suaves e graciosos suas frias construções.



































Clodovil deu mais uma utilidade ao nosso congresso nacional, sentando-se em sua estrutura, talvez a única utilidade do congresso até hoje. Já dentro, pôs ordem ao que chamou de mercado. No que estava certo, naquele toma lá da cá, se negocia o destino do Brasil e dos brasileiros, seus filhos."Ó MÃE GENTIL."














A escultura acima, uma união de dois semelhantes, editada e colorizada por mim, poderia muito bem representar a união civil gay, legalizada pelo STF. E Clodovil tem um mérito nisso. Apesar de algumas de suas posturas em relação ao casamento gay, muitas vezes indefinidas e oscilantes, Clodovil foi uma figura determinante nesse processo. Clodovil deu visibilidade ao gay no Brasil, foi uns dos pioneiros, a representá-lo perante uma nação. A homossexualidade era algo velado em nossa sociedade, algo bastante escondido e não assumido. Com a chegada da televisão, década 50, e com sua maior abrangência, décadas de 60 e 70, e com a participação do Clodovil, do Dener e de outros na televisão, o brasileiro identificou o homossexual na figura dos costureiros. Era algo não declarado verbalmente, mas assumido com os seus gestos perante os telespectadores, e isso num Brasil católico, machista e sob a ordem da ditadura militar. Eles foram os percursores da visibilidade gay no cenário nacional, familiarizando o gay perante a sociedade. Já não eram mais figuras distantes e perigosas, já não eram mais criaturas ameaçadoras. Divertiam um grande público, debochavam e desmunhecavam-se via a rede nacional de televisão. O sucesso era tanto que atraiu os olhos das autoridades da época, assim como a sua censura. Concluo reforçando que o movimento gay deve a Clodovil o seu reconhecimento por tornar o homossexual uma figura mais familiar á sociedade, fazendo-o mais aceito. Clodovil foi o princípio da visibilidade.



Danian.
daniandare@gmail.com

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