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quarta-feira, 7 de maio de 2014

E CLODOVIL LEVOU A FAMA.

 


Fama essa que deveria ter sido de outrem, porém por
um determinado equivoco coube a Clodovil. Esse fa-
to se deu no concurso "Festival da Moda" do ano de 
1964, após um ano de ausência, pois o concurso não
fora realizado no ano anterior. No seu retorno, muito 
fora alterado, como a exposição dos produtos, a a-
presentação dos modelos concorrentes, a ambienta-
ção, das passarelas para stands de exposição, até  
mesmo o prêmio mudara o seu formato. Dessa vez,
o prêmio "Agulha de Ouro" caberia à melhor criação 
de um modelo "Boutique", um prêt-à-porter de pe-
quena escala de produção. O prêmio "Agulha de 
Platina" seria dado à melhor criação de um modelo
 de "Haute Couture". Os concorrentes a ambas ca-
tegorias foram;



O júri, formado mais por mulheres da alta sociedade 
paulista escolhera os dois vencedores e os prêmios
"Agulha de Ouro e Agulha de Platina" couberam a...



Prêmios dados, talentos reconhecidos, porém quan-
to a sua maior relevância, a divulgação, Clodovil, fo-
ra o maior premiado, mesmo não tendo sido. Aconte-
ce que o evento fora matéria para as páginas de uma
das mais importantes revistas da época, a revista "O
Cruzeiro", porém os vencedores não foram devida-
mente divulgados. O vestido de alta costura em shan-
tung de seda pura e túnica bordada a mão em tons 
róseos, fora divulgado como o vencedor e o modelo
de maior destaque. Tendo sido publicado a maior
foto e uma outra menor do vestido na matéria da 
revista, apresentando-o como o modelo vencedor.


No texto descrevendo o evento na matéria da revis-
ta, há o relato correto e exato de quem verdadeira-
mente ganhara os prêmios. Porém nas fotos e legen-
das da matéria aparecem o vestido do Clodovil como
o vencedor. O prêmio "Agulha de Ouro" para o mel-
hor modelo "Boutique" fora corretamente publicado 
e divulgado. Enquanto o modelo vencedor "Haute-
couture", em crepe romains rosa shocking, de Cari-
na, não teve sequer uma pequena foto na matéria
da revista

Como geralmente ocorre com muitos leitores de re-
vistas, não há o interesse em ler todos os artigos pu-
blicados. Leem por partes algumas e dão uma olha-
da geral em busca do que interessam. Assim, para
muitos, não fora possível de perceber o que ocor-
rera com a matéria dedicada ao concurso "Festival
da Moda". Quem apenas passou os olhos nas fotos
e leu as legendas, entendeu que o vestido do Clodo-
vil fora o ganhador, porém quem se inteirou da maté-
ria e leu o seu texto na integra, percebeu que houve-
ra um equívoco na divulgação do modelo alta cos-
tura vencedor. E nesse caso, Clodovil ficou com os
louros da glória pela divulgação errônea de ter sido
a sua criação a vencedora. Tal fato aconteceu sem
o menor alarde na época. Se perceberam, é lógico
que alguns viram e perceberam o ocorrido, não se 
sabe de nenhum protesto ou reclamação, nem por
parte do verdadeiro vencedor e principal interessa-
do. Para uma grande maioria, Clodovil fora o ven-
cedor, e ainda, posteriormente, fora atribuído a ele 
a conquista do prêmio, o êxito do fato. Nem mes-
mo Clodovil manisfestou-se corrigindo o fato quan-
do algumas vezes mencionado em revistas e livros 
sobre moda. E pela pouca importância dado ao e-
vento e a moda brasileira em geral, e por  falta de
uma pesquisa e observação mais atenta por parte
dos historiadores e jornalistas da história da moda
nacional. Nunca se questionou ou evidenciou tal fa-
to, e assim lá no passado esquecido ficou essa his-
tória. Porém o que realmente ocorrera na edição 
daquela matéria da revista, poucos saberiam expli-
car. Um erro apenas??? Ou teria sido algo intenci-
onal??? Alguma manipulação do Clodovil a seu fa-
vor??? Ou algum editor que talvez tenha se indig-
nado com a decisão do júri e tenha eleito o seu
modelo predileto e assim o publicou??? Porém
seja o que for, veio a favor e em nome do Clodovil.

O modelo rosa do Clodovil ao lado de um outro
modelo do Clodovil, evidencia a linha seguida por
ele naquele ano de 1964: casacos longos sobre tú-
nicas bordadas e o mesmo comprimento de saia.