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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

YVES SAINT LAURENT HAUTE COUTURE






Alta, altíssima costura, ofício do luxo, representação mais elevada do vestuário. O exercício elaborado da arte do bem vestir, síntese de aspirações e sonhos tanto de seu criador, o costureiro, quando de uma clientela rica e exclusiva, ávida pelo requinte e distinção que ela oferece. Nesse mundo exclusivo e cheios de rituais, a arte da construção da roupas é desenvolvida de forma obsessiva. Pois horas e mais horas são empregadas na elaboração de um vestido, do croqui da prancha de desenhos do estilista ao corpo esguio de um manequim na passarela, várias mãos se empenham nesse trabalho. Um traje da alta costura, junto ao corpo e personalidade de sua consumidora torna-se em uma obra de arte ambulante. O mérito de toda obra vai para aquele que rege todo esse mundo, o estilista, cujo nome se transforma em marca a representar seu produto. Clodovil representou esse mundo aqui no Brasil, enquanto que, Yves Saint Laurent representou-o no mundo, a partir da França. Por várias vezes, quando muitos decretavam a morte da alta costura, Saint Laurent realizava desfiles de muito luxo e riqueza, fazendo-a ressurgir como uma phoenix das cinzas. E é na passarela que essa phoenix ressurge vigorosa como arte eterna, porque eterna é a busca pela beleza, pela perfeição. Nesse palco estreito e comprido é onde manequins dão corpo às roupas assim como atrizes dão corpo aos personagens. E elas em seus movimentos, interpretam aqueles vestidos como personagens, conforme é pedido por cada traje. Num ambiente a altura de suas criações, Saint Laurent apresenta essa encenação de sua arte: Yves Saint Laurent haute couture fall winter 1995. E logo abaixo, por detrás da cortina vermelha, esta ele a observar a concretização de seus sonhos. Assim como Clodovil, Saint Laurent era feito de sonhos.














A obsessão pela perfeição da alta costura transforma seus criadores em pessoas obsessivas. Agem muitas vezes como deuses supremos, querendo determinar um mundo, não permitindo e admitindo interferências. Essa obsessão, o perfeccionismo, levou-os a um certo desequilíbrio que os tornaram pessoas difíceis. Mas são eles realmente deuses, porém num mundo criado por eles. Assim transformam a Alta Costura em um universo, no qual eles são os astros a reger órbitas de mundos ao seu redor. Daí o título de rei sol da moda atribuído a Yves Saint Laurent.

DANIAN

Ps: """Como é custoso um traje da alta costura, nada impede de você possuir parte desse mundo. Não é piada, você pode comprar PARIS."""


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011






PARIS tão romântica quanto a cidade luz.

Perfume Feminino Paris EDT 75ml - YVES SAINT LAURENT

Floral aromático, com notas de rosa, mimosa, violeta, vetiver, sândalo, âmbar e almíscar. Para mulheres românticas e apaixonadas.

Gertrude Stein – uma rosa é uma rosa é uma rosa...


""PARIS""


""PARIS""






Danian.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CLODOVIL, PORÉM HÁ AQUELES QUE BUSCAM A VERDADE.






Anônimo disse...
Muito Tempo há que a Mentira se Tem Posto em Pés de Verdade afinal os mortos não falam


PORÉM HÁ AQUELES QUE BUSCAM A VERDADE.


Lendo esse relato, há uns 2 anos atrás, cheguei a duvidar da veracidade da história. Havia gostado de conhecer mais uma história sobre a complexa dimensão humana de Clodovil feita pelo Cláudio Nóvoa. Que ajuda a reconstruir a memória de nosso costureiro maior. Porém, algo comprometia a veracidade da história, a foto de Clodovil sentado no colo de Dener nas páginas da revista Manchete, e isso quando o nosso amigo Cláudio tinha seus sete a oito anos. Todo o texto me parecia correto e bem descrito, porém a história da foto não correspondia com a realidade, o que acabava por levar-me a duvidar de toda a história. Mas consegui localizar uma foto, não sei se é a qual ele se refere. Mas é, talvez, a única que se tem de Clodovil sentado no colo de Dener. E esse Clodovil era mesmo um abusado, depois de abusar do colo da Regina Marcondes Ferraz, abusa também do colo do seu intitulado rival, Dener. A foto foi publicada no final do ano de 1976, e segundo a publicação, Clodovil passou boa parte da noite sentado no colo de Dener. Isso num evento em que vários costureiros se reuníram na casa de Dener na tentativa de se criar uma câmara de alta costura no Brasil. Tentativa essa frustrada, pois segundo Clodovil, logo após virarem as costas, todos falavam mal uns dos outros. Não sei se o Cláudio se equivocou com onde e em que época a foto foi publicada, ou se quis usar de certa construção de um tempo para ilustrar o seu relato. De forma de evidenciar que desde criança Clodovil era uma personalidade conhecida e presente no cenário nacional.


O CLODOVIL QUE EU CONHECI

A primeira vez que eu vi a figura de CLODOVIL HERNANDES,eu tinha uns sete, oito anos.Ao folhear uma revista "Manchete", topei com uma foto do Clô sentado no colo do também ícone da moda DENNER PAMPLONA DE ABREU. Minha tia ELZA, costureira nota 10, explicou que eles eram rivais na moda brasileira, que não se suportavam, e etc. E eu pensei: "Mas como, se um tá no colo do outro?" Contei certa vez essa história ao próprio Clô. Ele riu bastante, e esclareceu que ele e o Denner eram muito amigos, e que alimentavam essa história de rivais só pra aparecerem nas revistas, nos jornais. A palavra marketing, nos anos 60, ainda não tinha a força e a intenção de hoje. Adolescente, entrei de penetra em vários desfiles seus. Sempre entendi as suas criações como obras de arte comparáveis às de Valentino, Saint-Laurent,Rabanne, Lacroix e Lagerfeld. As cores, os detalhes, o caimento e acabamentos perfeitos das roupas sempre me fascinaram. Acompanhei sua carreira televisiva desde sempre, tinha a certeza de que por baixo da capa de frescura do ar blasé e da língua afiada, estava um cara inteligentíssimo, dono de um raciocínio dos mais rápidos, culto e absolutamente verdadeiro.Quando minha grande amizade com o diretor de teatro e tv FRANCISCO AZEVEDO/KIKO, no começo dos 80 apenas se iniciava, ele era o diretor do grande sucesso do teatro "Seda Pura e Alfinetadas", texto feito sob medida para Clodovil mostrar que, além de estilista e apresentador de tv, ele era um ótimo ator!
O Francisco foi a única pessoa que eu vi que conseguia gritar mais, se impor mais e fazer o Clô baixar o tom e ficar quieto, no público e no privado. Ele respeitava muito, e tinha uma profunda admiração pelo Francisco.
Nessa época, por ter brigado com MARILIA GABRIELA e MARTA SUPLICY, suas companheiras de programa, acabou deixando o enorme sucesso das manhãs da Globo - TV MULHER -. E não tardou a receber convite da Band para um show só seu, e noturno. Foi por esses dias que eu o conheci pessoalmente, todo vestido de preto, sentado no chão da sala do Kiko, com um gravadorzinho na mão que reproduzia as conversas que ele tinha tido na Band naquela tarde. Quieto, receoso. Parecia mais um menino assustado do que o estilista e apresentador famoso.
Observador e sincero contumaz. Eu tinha um problema dentário, ele percebeu, falou que eu era bonito e educado demais para ter dentes tão feios, e chegou a me indicar o seu dentista! O programa na Band, com direção geral do Kiko, foi um enorme sucesso. Tinha a cara do apresentador: inteligente, chique, bonito de se ver, com ótimos números musicais e excelentes entrevistas. O programa atual do RONNIE VON na Gazeta nada mais é do que uma cópia, sem o glamour, sem o charme e sem a presença magnética que o Clô tinha na telinha. Foram os dias em que eu mais convivi com ele. Após as gravações, sempre tinha um jantar, uma boa conversa, ótimas indicações de livros e filmes. Chegou certa noite - horário tardio e já sem ônibus nas ruas - a me trazer em casa. Noutra, parou seu jaguar em plena Avenida Rebouças, desceu, fez sinal para um táxi e me enfiou lá dentro. Um cavalheiro, um gentleman. Quando o Francisco, eu e vários abnegados fundamos um grupo de teatro amador, Clodovil doou todos os figurinos da peça "Seda Pura...", mais uma grande quantidade de criações suas para os nossos espetáculos. Foi uma grande emoção poder vestir calças e camisas da sua grife no palco. Passei alguns anos morando no interior, falava com o Kiko muito raramente, e com o Clô mais raramente ainda. Quando voltei, ele e o Kiko estavam meio afastados, por divergências que agora não cabem. O Kiko já tinha sido diagnosticado como doente renal crônico e não tinha a mobilidade de antes. Mas isso não impediu Clô de chamar novamente seu grande amigo para dirigi-lo no programa "A Tarde é Sua", na REDETV! Passei a revê-lo, o Clô estava numa fase não muito boa, financeira e pessoal. Sua passagem pelo programa não durou muito. Sua língua afiada tirou-lhe o trabalho, mais uma vez. O Kiko recolheu-se, passava todo o tempo em casa, Clodovil convidou-o para dirigir uma nova peça, Francisco não aceitou. Foi o último espetáculo de Clodovil. "Elas por Ele" era um espetáculo simples, mas visualmente impactante, onde Clô personificava divas como CARMEN MIRANDA e JOSEPHINE BACKER. Eu, Kiko e Chaplin fomos ver a peça. O talento estava lá no palco, figurinos excelentes,mas a direção era muito ruim. No meio da apresentação, Clodovil avistou o Kiko na platéia, parou tudo, e disse: "Se eu tenho gosto pelo teatro, se eu sou disciplinado e tenho meu talento lapidado, devo tudo ao diretor que mais me dirigiu, que me ensinou tudo o que sei de teatro,e que está aqui na platéia hoje. Por favor, peço palmas para o MEU DIRETOR, FRANCISCO AZEVEDO".
O teatro, quase lotado, aplaudiu muito. E o Kiko chorou muito.
Após o espetáculo, os dois ficaram falando por mais de uma hora. O Kiko listando tudo o que ele achou de errado. O Clô, sentado à frente, ouvindo tudo, muito quieto, sem questionar nada. E eu e o Chaplin ao lado, como testemunhas desse momento tão bonito.
Foi a última vez que eu o vi pessoalmente. Quando o Francisco foi internado - e logo morreu, era por mim que ele recebia notícias. Foi por mim que ele recebeu a notícia da morte do Francisco.
Tenho um amigo que responde pela emergência bucomaxifacial do Hospital do Mandaqui. Mais de 90% das vítimas são motoqueiros, a maioria com fraturas de maxilar por não usarem capacetes que preservem a mandíbula. Pensei então que uma Lei Federal obrigando o uso do capacete com protetor de mandíbula reduziria drasticamente o número de vítimas. Telefonei para o gabinete do Deputado Clodovil em Brasília, deixei recado e após 40 minutos, ele retornou. Ficamos mais de duas horas ao telefone, lembranças do Kiko a nos confortar. Achou o projeto muito interessante., e marcamos uma conversa pessoal, aqui em Sampa, para a próxima segunda, dia 16 de março.
O Kiko não chegou a vivenciar a aventura de Clodovil pela política, os 500 mil votos recebidos, os dois primeiros avcs, o câncer de próstata, os 23 projetos apresentados - nenhum ainda votado -.
Devem estar agora, os dois, colocando as conversas em dia, tendo como testemunha as mães, que eles amaram tanto e que já partiram há vários anos.
A mim, só me resta agradecer a ótima companhia, o humor sarcástico, a inteligência, cultura e carinho da minha pouca convivência com uma das maiores cabeças pensantes que esse pais já teve.

Clô, fique com Deus.

Muito obrigado.
Escrito por Cláudio Nóvoa
Blog do Klau




Danian.


sábado, 24 de dezembro de 2011

"""NATAL CLODOVIL"""






Num Natal de outrora,
junto da mãe querida,
Clodovil a celebrar.
Tempos felizes,
que a vida fez levar.
Natal, esse dia de ternura
só nos faz recordar.

Danian.





Mesa natalina Clodovil, o primitivismo das cestas em contraste e harmonia com o arrojo da mesa de cristal.




POLÊMICA CLODOVIL DE NATAL, até no Natal, Clodovil gerava, provocava polêmicas com suas decorações natalinas. Porém vale ressaltar o Natal verde amarelo que Clodovil propunha, utilizando elementos da flora brasileira na composição de seu arranjo de Natal. Fazendo assim do Natal, uma festa mais brasileira.




DENISE MADUEÑO - Agencia Estado
Mais uma polêmica envolve o deputado federal Clodovil Hernandes (PR-SP). Dessa vez foi o arranjo natalino com o qual o deputado resolveu enfeitar a porta de seu gabinete que provocou desconforto ao setor responsável pela engenharia e arquitetura da Câmara. O departamento técnico negou a permissão para a instalação do ornamento, que extrapola os limites internos do gabinete, e ameaça retirar o enfeite de Natal, caso o deputado insista em mantê-lo.

Parecer da área de segurança condena instalações elétricas que fujam ao padrão da Casa. Além de questões técnicas, o impacto visual do enfeite provocou expressões como "exagerado" e "espalhafatoso". O enfeite da discórdia foi feito artesanalmente pelo próprio deputado: um toldo de bambu coberto por folhas secas de imbaúba, árvore nativa da Mata Atlântica, pintado de dourado e verde, seguindo o estilo barroco. Luzinhas pisca-piscas completam o arranjo que ocupa as duas portas do gabinete, em um comprimento estimado de três metros.

As duas portas também foram revestidas com painéis de vinil nas cores verde e amarelo com os desejos de "Feliz Natal" e "Feliz Ano Novo". A assessoria de Clodovil informou que o deputado levou um mês para confeccionar o arranjo e que a instalação do enfeite foi autorizada pelo departamento técnico da Casa. Clodovil está de licença médica, se recuperando em São Paulo de uma crise de hipertensão, e deverá voltar a Brasília na próxima semana.


Clodovil faz nevar sobre as Meninas Cantoras de Petrópolis, fazendo do Natal, mais Natal.









Natal é festejar, juntar, unir. E Natal também é relembrar, é sentir saudades, que seja até de outros natais inclusive, e assim relembro o Natal Clodovil. Ternas lembranças de um Feliz Natal,




Danian.


div

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CLODOVIL E A MÁXIMA DE JOÃOSINHO TRINTA.




"Povo gosta de Luxo, quem gosta de miséria é intelectual," Joãosinho Trinta.


O Joãosinho Trinta foi contemporâneo a Clodovil e a Dener, certamente acompanhou o desenrolar das carreiras de ambas estrelas da moda nacional. O luxo era denfendido e disseminado por eles, sendo que Dener se auto-intitulava ser "O LUXO" em pessoa, lançando sua autobiografia:" Dener é um Luxo."O luxo foi também uma das prerrogativas de Clodovil que se autodefinia como uma Cinderela:"Todo mundo entende o luxo e as mensagens que quero passar. Eu vim do meio deles e eles gostam de mim. Porque eu digo na TV aquilo que eu gostaria de ouvir. Meu olho diz a verdade. E todos vão entender, por causa dessa magia. De passagem pelas antigas e novas definições do luxo, Clodovil endossa a já surrada frase de Joãosinho Trinta:" Povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual." E acha que ela deveria entrar para a História do Brasil.



RATOS E URUBUS LARGEM A MINHA FANTASIA.




"Povo gosta de Luxo, quem gosta de miséria é intelectual," Joãosinho Trinta.


O povo gosta de luxo mas vive a pobreza, enquanto o intelectual gosta é da miséria alheia, porém vive o mais longe possível dela. E que esses ratos e urubus larguem a fantasia do povo. E que
deixem o povo viver,
deixem o povo ser feliz,
deixem que vivam a fantasia do luxo por apenas um dia na avenida,
longe da miséria do dia a dia.
E se possível de Clodovil com brilhos mil.
Por tudo isso, ratos e urubus largem a nossa fantasia.




O beija flor faz parte da fauna exuberante do Brasil, e suas cores representam bem o colorido carnavalesco da escola de samba que leva o seu nome. E se os beija flores inspiraram Joãosinho Trinta, também inspiraram Clodovil na sua moda, pintando beija flores em saias verdes e amarelas. Mais Brasil impossível!







Danian.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CLODOVIL, A SENSATEZ DE UM INSENSATO.



Ano de 1971, Clodovil em seu escritório, no seu recém inaugurado atelier na rua Oscar Freire. Lá, onde ele atendia sua clientela exclusiva, também era palco de seu programa matinal na rádio Jovem Pan. Clodovil dava conselhos a milhares de ouvintes sobre moda, o programa tinha duração de cinco minutos, com grande audiência. Esse programa de rádio serviu, de certa forma, para Clodovil se exercitar perante inúmeros ouvintes para que 9 anos mais tarde atuasse à frente do programa TV Mulher. Foi para ele um certo protótipo do que seria o seu sucesso no programa matutino da Rede Globo. Clodovil, tido como insensato por muitos, aquele que perdera os sentidos no jogo das razões, surpreendia-nos várias vezes com observações de grande sensatez. Com razão de causa, suas posições em relação a vários fatos sustentávam-se pela coerência de suas observações. Tendo como bagagem de vida, experiências as mais diversas em diversos meios sociais, desenvolveu um senso crítico próprio, aliado a sua capacidade de observação e uma certa dose de prepotência, necessária, para poder ser impor. Na complexidade do seu ser, onde o equilíbrio emocional oscilava o sentido da razão, havendo porém lucidez em relação a certos fatos. Coerência em relação a ordem das coisas, e um pouco disso encontramos aqui, nessa transcrição de um dos programas na rádio Jovem Pan, nos primórdios de uma década de 70, época de constestação de valores sociais pré-estabelecidos. Clodovil, pelo visual, adotava as modernidades daquela época, porém não abdicava de uma certa razão em favor a tal modernidade.




A Rádio Jovem Pan deu sinal para começar o programa com Clodovil, que vai ao ar todos os dias, às 11 horas, diretamente de seu escritório. Nêle, Clodovil dá, graciosamente, conselhos sobre moda a ouvintes da capital paulista e do interior. A voz do locutor soa no pequeno escritório, forrado de veludo com desenhos imitando couro de zêbra:
_Bom dia, Clodovil.
_Bom dia.
_ A primeira ouvinte, Iolanda, 25 anos, 1,65 metro de altura, morena, 63 quilos, quer saber: que roupa deve usar no aniversário de sua filhinha de três anos? Vai dar uma festa à noite que terá como convidados mais adultos que crianças. Gostaria de saber também como deve vestir sua filhinha.
Clodovil olha para mim, enquanto ouve, com um olhar de desgôsto. Estampam-se em seu rosto a ironia e a impaciência.
_ Em primeiro lugar, essa senhora está mais preocupada em fazer festa para ela do que para a filha. Está claro que a mãe está querendo é se divertir. Festa de criança deve ser cheia de sorvetes, gritarias, correrias, aquelas coisas que as crianças sabem fazer muito bem, atormentando os grandes. Como deve ser um tormento para uma criança só ver adultos sua festa. Festa à noite, onde vão mais adultos do que crianças, é porque a mãe está louca para se exibir, ou exibir a filha. Que faça a festa durante o dia, que é tempo de criança, tomando o cuidado para não vestir a filha de anão, com sandálias trançadas, botas, saia longa, esse horror que não é nem adulto, nem criança, mas um monstro! Crianças usam sapatos de verniz, laços de fita, golinhas brancas, coisas infantis. Criança vestida de gente grande é uma praga!



Danian.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CLODOVIL, RELEMBRADO POR ARARÍPE COUTINHO

RENDA-SE A ARARÍPE COUTINHO


Seria a renda que recobre e revela a figura de Ararípe Coutinho a renda de algum vestido de noiva de Clodovil?

ENTÃO RENDA-SE AO DEMÔNIO QUE É O AMOR.
Versos de Ararípe coutinho.


XLII


Adentro avesso e o reto

É vulva aberta, mucosa

No inferno de nossos dentros.


Espeto o desejo como quem

Procura o risco, o medo, a coragem

De avançar perdido por algo que sei

Desde a infância, aurido.


Homem é sempre treva. Mas pode

Trazer o mundo para dentro de nós.

E a arte nessa selva é sempre

A morte.


Invento de muros. Paredes altas.

Consumo de felicidades mortas

E a maçã no escuro é Clarice

Sem decifrar GH, seu mito.


Estou apodrecendo como

Quem constrói uma catedral

Sem missa. Assim rendido no portal

Avanço sempre que me vejo.


Sou um mesmo homem

Que não conhece deus, mas que o ama.

Seria o amor assim? Este nunca vir.


Sim. É desejo o que me mata.

São negros e azuis e o quarto cabe

Cada um com seu poder.


Eu sempre rendido.



ARARÍPE COUTINHO RELEMBRA A CASA DE CLODOVIL E ASSIM CLODOVIL.

Por AraripeCoutinho

Quando subi a montanha, digo, a ladeira, que dava acesso à casa do Clodovil, em Ubatuba, desesperadamente cansado, depois de uma viagem de 1 hora e pouco de São Paulo, vi aquelas dezenas de jarro imensos com plantas, de cor sépia, até chegar ao portão eletrônico, onde um guarda abriu a garagem e fechou a cara, quase não respondendo ao meu boa tarde. Na estrada, eu e Clô, havíamos parado para comprar queijo e água de coco e fomos à uma conveniência, onde ele, com um casaco vermelho sobreposto sobre a camisa bege, estava deslumbrante. Crianças davam escândalo para ele calçar as sandálias da humildade, e pediam fotos, e homens, bofões casados pediam também flashes. Clodovil era a própria diva. Ao adentrar na parte de livros e revistas, ele disse: pegue o que vc quiser. Achei aquele pegue o que vc quiser o máximo. E peguei 300 reais de revistas e jornais, - achei ainda pouco, e pedi a coleção de Chat Backer que estava única, tadinha, perdida no balcão de pagamento. A Clô nem ligou, aliás o Clô. Eu adorei tudo. Seguimos. Mas voltando à entrada da casa, pude fantasiar aquele lugar lindo. Depois de me mostrar a casa toda, eu exausto e chato, pude ver que as suas peças não eram, de fato, lá tão caras, mas tudo muito de bom gosto e encaixado. Tinha quadros que mereceriam a fogueira, e outros como o pintado com a fotografia dele e assinado não me lembro o nome e a fama agora, que compunham o ambiente que eram o máximo de glória! Era tudo muito bem desenhado, flores sempre nos jarros e nas mesas e muita elegância na hora das refeições. Pratos com as iniciais dele: CH, lençóis e toalhas divinas e muitos funcionários. Muitos. Brinquei com ele dizendo que ele me lembrava Versace. A Clô, que de rogada não tinha nada, disse “deixe de ser cafona, veado”, aquela Versace era só ouro e dobradiça. Estrebuchei de odio. Haviam CDs bárbaros , livros divinos e muita, muita iguaria e bebida para vararmos a noite. Mas era tudo um pouco-muito-triste quando anoitecia. Não haviam homens, nem sexo. Só no apartamento da República do Líbano, em São Paulo, mas tudo muito comedido. Às vezes Clô se encantava com o visitante, e o levava conosco para o jantar. Era o máximo! Ele deitava na sua cama, eu ao lado, luzes de lad para as roupas não ganharem mofo e ele dormia solenemente envolto a sedas, travesseiro de pena de ganso e, vez por outra, acordava e dizia: para de mexer no que vc não sabe. Eu já estava louco mudando os mil e um canais de TV. A casa de Ubatuba era o sonho de Clodovil que agora deve ser transformada em Instituto ou Casa Izabel Hernandez, se o trâmite judicial não demorar mais um século. A casa está avaliada em mais de 4 milhões de reais, possui dezenas de aposentos e passagens secretas. Clodovil, que nos deixou há dois anos, em 2009, não deixou herdeiros, mas deixou em seu testamento o pedido para transformar a mansão em uma fundação beneficente para orfãs, que terá o nome de sua mãe adotiva.
Possuidor de um senso de humor incrível, que beirava às vezes ao mau gosto, Clodovil foi insuperável em tudo. A casa continua com sua presença- batendo as portas e servindo kiwi com maçã verde, no café da manhã, e ainda ouço a sua voz dizendo: declame para mim Mário Faustino. E assim foi. E assim era. Um dia, voltará a ser.


Ver o blog BonecaComDefeito é rever Clodovil Memória Brasil.



Danian.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

CLODOVIL NUMA CRÔNICA DE MAURÍCIO DE SOUZA.



O universo infantil brasileiro de Maurício de Souza abrange personagens característicos da cultura e do povo brasileiro. E esse universo brasileiro se torna mais abrangente ainda, quando ele inclui a figura de Clodovil em suas histórias. Maurício de Souza, em uma dentre suas 300 crônicas do seu site, relata uma experiência vivída por ele e Clodovil, e revela que:

QUANDO A MÔNICA QUASE CASOU DE CLODOVIL

"Quem bate... a 10 kilometros de altura?"















Danian.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CLODOVIL, CORAÇÃO VERDE E AMARELO.

CLODOVIL E A NOVA POSTURA DA MODA BRASILEIRA

       ANALISANDO A FOTO DOS QUATRO GRANDES NOMES DA MODA BRASILEIRA.

No ano de 1967, Clodovil, Dener, Guilherme Guimarães e  José Nunes foram reunidos para apresentarem suas criações em desfiles na FENIT, Feira Nacional da Indústria têxtil. A foto dos quatro juntos foi feita para a divulgação do evento. Utilizando-me da foto, proponho um estudo do perfil de Clodovil em relação aos demais costureiros. Dentre todos eles, Clodovil é o que apresenta a postura mais condizente com o perfil de um costureiro brasileiro. Um costureiro das cores verde e amarelo. Em todos os aspectos, Clodovil propõem uma postura nova ao que estava estabelecido na moda de então. De todos os costureiros da foto, Clodovil é o que apresenta e representa a miscigenação de raças no Brasil. Clodovil carrega traços com maior predominância dos primeiros donos dessas terras: os índios. Pela cor mais escura de sua pele, Clodovil era alvo de zombarias por parte do então rival Dener Pamplona de Abreu. Dener não poupava em alfinetar Clodovil sempre que podia, chamando-o de "Nega Clô". Sorte do Dener que isso se passou nos anos 60 e 70, porque se fosse em tempos atuais, Clodovil poderia processá-lo por racismo. Ao aspecto da raça somasse o da forma de se vestir, a composição da vestimenta de Clodovil é algo bem mais próxima a realidade de um país, cuja a maior parte de seu território se situa entre as linhas do equador e a do trópico de Capricórnio. Clodovil é o que esta menos vestidos dentre os demais. Outro aspecto: sua postura. Clodovil se posiciona ao sentar de uma forma relaxada, solta, despojada. Uma forma menos rígida, menos formal, bem mais de acordo com o jeito de ser do povo brasileiro, bem mais de acordo com o nosso, ouso aqui usar um termo inglês para melhor nos definir, SWING. Até onde Clodovil se assenta, cujo design se propunha extremamente moderno, nos remete a elementos primitivos da cultura brasileira, nesse caso uma rede de dormir do índio. Em todos os aspectos, Clodovil tem uma postura mais jovem, mais moderna. A sua imagem nos introduz a uma visão de sua sexualidade mais aberta, mais explícita. Juntando todos esses elementos, Clodovil é o que faz-se melhor representar um perfil mais autenticamente brasileiro. E de todos os costureiros nacionais, Clodovil foi o que mais se referiu as cores nacionais, o verde e o amarelo. Sendo assim, e dando espaço para questionamentos, concluo que Clodovil poderia cantar com toda a propriedade e razão a seguinte canção:
EU TE AMO MEU BRASIL


DANIAN